Não confunda tendência com essência

O erro que custa caro às marcas que tentam surfar a onda e se afogam no raso!

Em um mercado em constante transformação, adaptar-se é fundamental. Mas entre, se adaptar e se descaracterizar, existe uma grande diferença e uma linha tênue, e muitas marcas têm cruzado esse limite em nome das “tendências”. O recente caso da Jaguar, que rompeu com sua identidade histórica ao lançar um reposicionamento controverso, é um lembrete gritante: não se deve confundir o “hype” do momento com o legado que sustenta uma marca.

Imagem de divulgação da campanha "Copy Nothing", criada pela agência Accenture Song

Inovações visuais, narrativas ousadas e estéticas futuristas podem ser ferramentas poderosas, quando usadas com propósito. Mas quando a vontade de parecer “atual” e descolado sobrepõem a necessidade de ser coerente com a própria essência, o risco é perder relevância justamente com quem sustentou a marca até aqui: fãs, adeptos, consumidores, enfim, o público fiel.

O novo posicionamento da Jaguar, com uma identidade visual radicalmente diferente e uma linguagem conceitual desconectada do seu histórico de sofisticação e performance, exemplifica isso. Ao tentar se encaixar em um discurso contemporâneo de “marca disruptiva e eletrificada”, ela abandonou o símbolo que por décadas representou luxo, velocidade e tradição. O resultado? Rejeição, críticas, e por fim como uma resposta imediata e desesperada a demissão da agência responsável.

Tendência é contexto. Essência é estratégia.

Nós profissionais da comunicação, sabemos que “tendência é bússola, não volante”. Ela aponta caminhos, mas não deve guiar decisões sozinha. Um rebranding ou reposicionamento deve nascer do centro: do propósito da marca, de seus valores, daquilo que a torna única, e não apenas da estética do momento ou da linguagem em alta nas redes.

As marcas mais fortes do mundo não são aquelas que mudam para se adaptar a cada ciclo, mas as que sabem evoluir sem perder o fio da própria narrativa. Elas reconhecem que essência não é rigidez, é consistência com propósito.

Empresas e marcas em busca de rejuvenescimento muitas vezes confundem o desejo legítimo de evoluir com a pressa de parecer “cool”. Nessa ânsia, descartam ativos valiosos como símbolos, paletas, slogans e até posicionamentos que foram cuidadosamente construídos ao longo de décadas. Isso não é renovação, é amnésia de marca. A estética é importantíssima, porém o fator crucial de conexão duradoura com o público é a “história”, uma base sólida de valores que resiste ao tempo e cria laços capítulo à capítulo.

Um projeto de rebranding deve respeitar a história e o legado, mesmo quando propõe rupturas. É possível ser contemporâneo sem ser volátil. É possível ser ousado sem ser irreconhecível.

Branding não é vaidade, é visão

Seja como um profissional  guardião de marcas, ou como uma agência de branding, é nossa responsabilidade orientar nossos clientes com visão estratégica, não com a tentação do que está em alta, mas com a solidez do que constrói valor a longo prazo.

Porque branding de verdade não é sobre agradar o feed, é sobre sustentar uma promessa no tempo. E isso exige coragem para dizer “não” a modismos passageiros e foco absoluto em decisões que reforcem identidade, consistência e propósito.

Quando propomos uma nova identidade, um reposicionamento ou uma evolução na comunicação, cada decisão visual e verbal deve ser sustentada por significado. Nada é aleatório. Tipografias falam. Cores comunicam. Palavras moldam percepções. A soma disso tudo é o que constrói reputação.

Não devemos vender modas. Devemos construir marcas com alma. Com personalidade. Com presença.
Trabalhamos para que cada marca tenha algo a dizer, e que diga isso de forma única, memorável e verdadeira.

Acreditamos que branding é um processo de descoberta, não de invenção. Não estamos aqui para transformar marcas em outra coisa, estamos aqui para revelar o que elas têm de mais autêntico, e amplificar isso com inteligência, estética e estratégia.

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